Salada de pílulas

Não foi há 10 anos, 5 anos, 1 ano, 5 meses ou hoje que a mania das pílulas explodiu em nossas vidas. Tomar pílulas para todos os tipos de problemas tornou-se mais comum que respirar. Se pararmos para pensar, tomamos pelo menos 3 pílulas diferentes por dia. Seja para enfrentar uma dor de cabeça, nas costas ou lutar contra doenças graves, as pílulas vieram para ficar.

Não podemos diminuir as medicações que ajudam as pessoas a melhorarem suas vidas. Por isso mesmo, a questão deste texto não é diminuir a importância que muitos remédios representam e que podem até salvar vidas. O meu foco é abordar a luta que muitas pessoas passam para encontrar os remédios certos para conquistar qualidade de vida em um mundo onde a ansiedade tomou proporções inigualáveis.

Na minha vida, a ansiedade se apresentou na infância, mas sempre foi atribuída ao nervosismo de entregar um trabalho na escola ou sofrer por antecedência em situações que eu não tinha nenhum controle. A questão é que o problema não fica apenas na mente, as consequências podem ser transferidas para o corpo. No meu caso, fui diagnosticada com uma gastrite nervosa. Então, é fácil imaginar que foi nessa fase que as pílulas começaram a fazer parte do meu dia a dia.

A partir dos meus 15 anos, a luta contra a ansiedade se alinhou a crises de pânico. Muitas pessoas que passam por isso sabem como as consequências desses transtornos emocionais podem causar insegurança, medo, depressão e que se esconder do convívio social torna-se quase inevitável.

Com o passar dos anos, os problemas desencadeados foram se transformando enquanto eu encontrava na psicoterapia ajuda para superar muitas dessas questões internas. Mas as pílulas nunca sumiram, apenas ganharam novos nomes. Sempre digo que encontrar os remédios que combinam e ajudam é uma luta desgastante, principalmente por causa dos efeitos colaterais que podem ser cruéis.

Um grande segredo que aprendi durante os períodos de adaptação aos remédios foi lutar ao máximo contra os efeitos colaterais. Lógico que nem sempre o efeito é o esperado, e a corrida para encontrar uma nova pílula recomeça. Outro ponto importante é não desistir de tomar o remédio quando ele começa a, finalmente, funcionar. Quando estamos nos sentindo bem e o mundo a nossa volta é cor-de-rosa e tudo está perfeito, achamos que não precisamos mais dos efeitos das famosas pílulas, mas o resultado por desistir delas pode ter sérias consequências, tanto no corpo como na mente.

Os ansiolíticos, que se tornaram presença certa nas nossas vidas, entraram na categoria “lute para me deixar”. Sabemos que os ansiolíticos ajudam e muito em momentos de fortes crises de ansiedade, que pode chegar a uma crise de pânico, entretanto, o vício que eles podem causar é gritante. Mas, com certeza, essas pílulas podem ser consideradas um bote salva vidas para muitas pessoas.

A paixão pelos ansiolíticos, caso o tratamento não seja acompanhando por um psiquiatra, pode levar a uma dependência mortal, onde o sono e a mudança de humor se tornam uma montanha-russa. Infelizmente já fiz parte do grupo que passa por essa montanha-russa. Tudo está voltado para o autocontrole e em descobrir que as pílulas podem ajudar a melhorar os problemas.

Apesar disso, se não enfrentarmos de frente a causa por trás desses problemas eles continuarão presentes, mesmo que em alguns momentos sejam esquecidos.

 

 

 

Top posts. As mais lidas!