O brincar e a psicoterapia de crianças

Você já se perguntou por que seu filho brinca na sessão com a psicóloga?

O brincar é uma atividade importante para o desenvolvimento infantil e é utilizado como método terapêutico na psicoterapia de crianças.

A observação do brincar permite que o psicólogo entenda melhor o funcionamento do seu filho. Através do lúdico, o terapeuta infantil cria um ambiente de confiança para a criança poder brincar, pois é brincando que a criança se comunica. É através dos jogos e pelas brincadeiras que ela expressa sua imaginação e suas fantasias, suas raivas, suas vontades, controla suas angústias e inicia o processo de experimentação do mundo.

É brincando que a criança aprende a lidar com a realidade, coloca-se como sujeito ativo, aprende as habilidades sociais e a compartilhar, além de exercer sua criatividade.  Outro aspecto importante a considerar é que a brincadeira amplia o conhecimento, o psiquismo e desenvolve a capacidade motora da criança.

Na prática psicanalítica com o brincar é possível compreender a realidade psíquica e o funcionamento do paciente, podendo assim auxiliar na resolução de conflitos. O objetivo é ajudar o pacientezinho, através da brincadeira, a expressar com maior facilidade a si, seus conflitos e suas dificuldades.

Quer saber mais? Vamos ver o que os autores da área têm a dizer sobre isso!

De acordo com Levisky (2006), autor que trouxe importantes contribuições da psicanálise à psicopedagogia, é através do brincar que a criança sente, vive e revive as experiências de sua relação com o mundo exterior e com ela mesma. Cria-se o espaço do imaginário e desta forma ela pode perceber e elaborar as partes do mundo faz de conta e o que pertence ao mundo exterior. É no brincar que a criança vivencia situações de perigos, medos, ameaças e prazeres que conduzem às gratificações e às realizações de fatos de sua vida real em nível simbólico.

Para Aberastury (1982), pioneira da psicanálise infantil na América Latina, o brincar é atividade repleta de sentido, e através dela a criança elabora situações traumáticas para o ego através da transformação do que foi vivido passivamente em algo ativo, que controla, bem como expressa fantasias e desejos de forma simbólica. Além de dominar as suas ansiedades e viver de maneira simbólica as suas fantasias.

Para Winnicott (1975), importante psicanalista e pediatra inglês, o brincar é essencial, porque é através dele que se manifesta a criatividade. E o resultado da ação de brincar é facilitador do crescimento e, portanto, da saúde; diz ainda que o brincar conduz aos relacionamentos grupais, pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia.

Winnicott também diz que a atividade de brincar constitui um aspecto universal da natureza humana, ainda que existam pessoas que possam estar profundamente doentes e não conquistem essa capacidade, precisando, então, de tratamento (Winnicott, 1968). Então, para essas pessoas que não conseguem brincar, cabe ao analista/terapeuta trabalhar no sentido de promover essa conquista, oferecendo as condições ambientais para que o paciente chegue a ela. Para ele o brincar é, em si mesmo, psicoterápico, não propriamente por causa dos elementos simbólicos que veicula ou expressa, mas pelo que realiza: “É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fruem da sua liberdade de criação”. 

É isso mesmo! Além de estar presente no trabalho com crianças, o brincar também se encontra nas análises de adultos! Manifesta-se, por exemplo, na escolha das palavras, nas inflexões de voz e, na verdade, no senso de humor (Winnicott, 1968).

Winnicott ainda diz que o brincar seria a área da experiência que mais tarde compreenderá o espaço da arte, da religião, do trabalho e da vida social em geral. Resumindo, o brincar conduz naturalmente à experiência cultural e, inclusive, constitui o seu fundamento (Winnicott, 1971).

 

 

 

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