A arte de preparar a sua mala de viagem

Desde 1986, sou jornalista profissional com experiência em coberturas de assuntos variados em ambientes diferentes, como guerras, lançamentos de automóveis, entrevistas com dirigentes políticos ou empresariais, grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas e Copas do Mundo da FIFA, na Austrália, de onde escrevo este artigo.

Ao mesmo tempo que separo as roupas e objetos, que serão meus companheiros em um trabalho a milhares de quilômetros de casa, procuro me preparar. O início de tudo é uma imersão em cada assunto com muita leitura e pesquisa – para poder conversar com especialistas e fazer perguntas adequadas com conhecimento e segurança.

Enquanto isso, há o planejamento da logística que inclui os itinerários e as hospedagens necessárias entre um trabalho e o próximo. E, para evitar confusão, um dos passos é preparar uma bagagem adequada para cada um dos compromissos. E isso começa muito antes de carimbar o passaporte na primeira escala.

Em um mundo perfeito, o ideal seria levar tudo o que fosse possível durante uma viagem. Mas não é assim que as coisas funcionam. Nos meus deslocamentos aqui na Austrália, foi preciso encontrar um equilíbrio entre a necessidade de carregar coisas com os limites de peso nos voos internos.

E mesmo com o conforto e a praticidade para ter uma bagagem pronta para mudar de hotel várias vezes durante um mês de cobertura na Copa do Mundo de Futebol Feminino da FIFA, é preciso pensar que há limites de peso para as malas, tanto as que vão no porão do avião, no porta-malas de um automóvel ou no bagageiro de um trem ou ônibus. Ter objetos demais para cuidar pode ser sinônimo de perda de tempo para organizar e encontrar coisas. É preferível ser prático.

Para escolher o tipo e o tamanho da mala certa para a sua viagem, comece por pensar sobre qual o tipo de viagem que você fará. Serão quantos dias fora de casa? Quais serão os seus compromissos? Que tipo de roupa será a mais adequada para cada um deles? Qual é a previsão do clima no seu destino, nos dias em que você estiver por lá? Aliás, quais serão as mudanças de endereço nos dias em que estiver fora? Haverá deslocamentos? Em que tipo de transporte eles acontecerão? Se houver deslocamentos, há alguma chance de você ter um lugar seguro para deixar as suas malas mais pesadas e viajar mais leve? Pense nisso.

Não deixe de estudar a previsão do clima nos seus destinos. Na Austrália, um país que como o Brasil é conhecido pelo sol e pelas praias, em julho e agosto faz um frio de rachar em cidades como Melbourne e Adelaide. Caprichar em roupas mais quentinhas é básico.

Independente do tipo de viagem que você fará, nunca se esqueça de cuidar da sua imagem. A menos que queira passar por uma pessoa desleixada, saiba que não basta pegar duas ou três mudinhas de roupa, jogar tudo dentro de uma mochila qualquer e tocar para o aeroporto.

Mas, ao mesmo tempo, é preciso ser racional para não levar peças que ocupem espaço inútil e que sejam sinônimo de peso extra na hora de pesar a mala, antes de despachá-la e durante o check-in. Um aviso: as companhias aéreas estão cada vez mais rigorosas com pesos e dimensões da bagagem, tanto com a que vai no porão como a que será acomodada na cabine.

Confira o seu bilhete com muita atenção para saber quantos quilos você poderá despachar ou carregar a bordo. E seja duro com você mesmo: quando olhar para uma peça de roupa ou objeto pergunte-se “vou precisar disso tudo durante esta viagem?”

Agora, vamos fazer as malas. Começando pela sua bagagem de mão, a lógica é guardar nela itens essenciais, dos quais você não queira se separar: equipamentos eletrônicos (telefone celular, câmera, baterias…), documentos, cartões de crédito, dinheiro, caderno para anotações, nécessaire com produtos de higiene pessoal, estojo para os óculos (se usar), óculos de sol…

Se houver espaço, inclua uma muda de roupa extra para o caso de sua mala ser extraviada. Levar um casaco para se proteger do frio e da chuva pode ser útil dependendo do destino. Ou um trambolho inútil, se você for para uma região quente e seca.

Ou seja: pense em tudo que você usará ou poderá acessar durante o trajeto da sua casa até o seu primeiro ponto de destino para que não precise abrir a mala principal antes de chegar nele.

Agora, vamos pensar na mala. Lembre-se: quanto maior ela for, maior será a tentação de levar objetos inúteis. Se for para um lugar onde o clima está frio, a lógica é levar roupas mais quentes, mas se for para um lugar onde faz calor, precisa de roupas leves. Confira também as chances de ter chuva ou neve pelo seu caminho.

O passo a seguir é fazer a contagem regressiva das roupas: se você precisa de um mantra para ajudar a otimizar seu guarda-roupa, use a regra 5, 4, 3, 2, 1 para uma viagem de uma semana. Limite-se a não mais do que cinco conjuntos de meias e roupas íntimas, quatro camisetas, três calças, dois pares de calçados e duas camisas, uma sandália ou chinelo. Inclua um casaco para proteger da chuva ou do frio, se houver dias frios ou úmidos pela frente.

Lembre-se: essa lista pode – e deve – ser ajustada para atender as suas necessidades. Coloque um maiô, roupas de ginástica ou um paletó e vestido, se for usá-los. Não se esqueça: roupas podem ser lavadas durante a viagem, claro.

Também, não se esqueça de que uma viagem pode ser uma ótima ocasião para renovar o seu guarda-roupa, principalmente se você der a sorte de estar na Europa ou Estados Unidos durante as liquidações.

Mas seja impiedoso com tudo o que não for necessário. A regra é pensar duas vezes sobre tudo o que você quer colocar na mala.  E livrar-se totalmente da categoria “talvez eu possa precisar desta roupa ou deste objeto”. Pode acreditar no que escrevo: na maioria das vezes você não precisa.

Por outro lado, quanto mais versátil uma peça for, melhor. Prefira sempre roupas que sirvam a mais de um propósito. Caso você ainda tenha dúvidas, vale muito a pena fazer uma lista de itens que pretende levar na viagem. Ajuda um bocado.

Em voos internacionais, o peso máximo da bagagem de mão é 10 kg. E as medidas da mala são de 55 cm de altura, 35 cm de largura e 25 cm de comprimento, incluindo as rodas e a alça. Dependendo da classe tarifária, companhias como a Easy Jet e a Ryan Air permitem que  uma mala com estas dimensões seja acomodada dentro da cabine sem custo adicional. Mas caso a sua mala ultrapassar esse tamanho ou você quiser levar mais de uma peça, deverá despachar a bagagem. Deixar para fazer isso em cima da hora, no aeroporto, pode sair mais caro. Pense bem nisso.

Agora que separou roupas e objetos que julga serem necessários para os dias em que estiver fora de casa e escolheu o tamanho da mala, vem outra etapa importante: a arte e as manhas para fazer caber tudo. Aqui, o princípio é simples: não desperdiçar um centímetro sequer do espaço. Sapatos ou tênis podem ser recheados com meias. Camisetas podem ser enroladas, para aproveitar melhor o espaço e reduzir as peças demasiadamente amassadas.

Fique de olho nos volumes: toalhas de microfibra são mais práticas do que as de algodão, caso você tenha que levar alguma, pois ocupam menos espaço e secam mais rápido que as convencionais. Não se esqueça de acomodar produtos de higiene pessoal, de preferência em um kit que sempre o acompanhe durante as suas viagens. Com isso, diminuem as chances de esquecer algo tão importante como o estojo e a solução para limpar e conservar lentes de contato, por exemplo.

Uma dica final: nunca feche as malas sem antes fazer uma última checagem. Confira sempre os horários do seu transporte. E sempre procure chegar pelo menos três horas antes nos aeroportos e uma hora antes em estações ferroviárias ou rodoviárias ou no ponto de embarque de ônibus. Chegar em cima da hora é sempre um pretexto para fazer alguma trapalhada. E longe de casa, elas podem causar transtorno ou custar caro.

Boa viagem!

 

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